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segunda-feira, 22 de agosto de 2011

domingo, 17 de julho de 2011

Caminhada

http://www.myspace.com/video/tiago-bettencourt-mantha/eu-esperei/107681579






O Peregrino
Letra e Música: Silvestre Kuhlmann

Neste país tornei-me peregrino;
Aqui não paro, estou de partida.
Vou indo rumo à terra prometida;
Terei descanso chegando ao destino.

O mundo é perigoso, vil, ferino;
Tudo conspira contra minha vida,
Mas a vitória é certa, não há dúvida;
Grato e seguro vou cantando um hino:

Maravilhosa graça de Jesus!
Quando eu chegar, será pelo teu mérito;
Pagaste a minha dívida na cruz.

Ao lado Teu termina meu conflito;
Terei os olhos fitos em Tua luz,
Que brilha mais que o sol e seu exército.

silvestre kuhlmann

http://silvestrek.blogspot.com/2010/07/o-peregrino.html

Vacilante, Obstinado, Evangelista, Fiel e Esperançoso são algumas das personagens do livro "O Peregrino" de John Bunyan.

"Estamos a caminho de nosso Lar, e quando chegarmos lá, adoraremos ao Cordeiro. Dele é todo o mérito. O sacrifício de Cristo nos torna aptos, pela Graça, a entrarmos em Seu Reino, e é a Sua companhia que nos ajuda na caminhada aqui."

livro alegórico de John Bunyan

https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_o98tV9JNu1e_CzWVqICu1mlEtTdMNNTubX4nYoTwqKcLT0UMEmjKiwet7qhJPW406wO5_RTnQxBTyf1vjYACWUcr5JvyUIWpsayU3B6Ul-Hl52EHqDr9TQ1g48-cnEiIeYFL4vm_9U9V/s1600/o+peregrino.JPG

sábado, 18 de junho de 2011

Quem me dera que eu fosse o pó da estrada

Fernando Pessoa.jpg







Quem me dera que eu fosse o pó da estrada
E que os pés dos pobres me estivessem pisando...

Quem me dera que eu fosse os rios que correm
E que as lavadeiras estivessem à minha beira...

Quem me dera que eu fosse os choupos à margem do rio
E tivesse só o céu por cima e a água por baixo...

Quem me dera que eu fosse o burro do moleiro
E que ele me batesse e me estimasse...

Antes isso que ser o que atravessa a vida
Olhando para trás de si e tendo pena...

Alberto Caeiro







http://blogs.ua.pt/encontro_ticnee/

sexta-feira, 17 de junho de 2011

Fernando Pessoa

Tenho tanto sentimento
Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
......Que não senti afinal.


Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.


Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.


Fernando Pessoa

via
http://peregrino-bg.blogspot.com/

sexta-feira, 8 de abril de 2011

quarta-feira, 9 de março de 2011

Cecília Meireles

''Contemplação''



Não acuso. Nem perdoo.
Nada sei. De nada.
Contemplo.
Quando os homens apareceram
eu não estava presente.
Eu não estava presente,
quando a terra se desprendeu do sol.
Eu não estava presente,
quando o sol apareceu no céu.
E antes de haver o céu,
Eu não estava presente.
Como hei de acusar ou perdoar?
Nada sei.
Contemplo.
Parece que às vezes me falam.
Mas também não tenho certeza.
Quem me deseja ouvir, nestas paragens
onde somos todos estrangeiros?
Também não sei com segurança, muitas vezes,
da oferta que vai comigo, e em que resulta,
pois o mundo é mágico!
Tocou-se o Lírio e apareceu um Cavalo Selvagem.
E um anel no dedo pode fazer desabar da lua um temporal.
Já vês que me enterneço e me assusto,
entre as secretas maravilhas.
E não posso medir todos os ângulos do meu gesto.
Noites e noites, estudei devotamente
nossos mitos, e sua geometria.
Por mais que me procure, antes de tudo ser feito,
eu era amor. Só isso encontro.
Caminho, navego, vôo,
- sempre amor.
Rio desviado, seta exilada, onda soprada ao contrário,
- mas sempre o mesmo resultado: direção e êxtase.
À beira dos teus olhos,
por acaso detendo-me,
que acontecimentos serão produzidos
em mim e em ti?
Não há resposta.
Sabem-se os nascimentos
quando já foram sofridos.
Tão pouco somos, - e tanto causamos,
com tão longos ecos!
Nossas viagens têm cargas ocultas, de desconhecidos vínculos.
Entre o desejo do itinerário, uma lei que nos leva
age invisível e abriga
mais que o itinerário e o desejo.
Que te direi, se me interrogas?
As nuvens falam?
Não. As nuvens tocam-se, passam, desmancham-se.
Às vezes, pensa-se que demoram, parece que estão paradas...
Confundiram-se.
E até se julga que dentro delas andam estrelas e planetas.
Oh, aparência...Pode talvez andar um tonto pássaro perdido.
Voz sem pouso, no tempo surdo.
Não acuso nem perdôo.
Que faremos, errantes entre as invenções dos deuses?

Eu não estava presente, quando formaram
a voz tão frágil dos pássaros.
Quando as nuvens começaram a existir,
qual de nós estava presente?


Cecília Meireles


http://selmadelbosco.blogspot.com/

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Um Grande Amor

Um grande Amor, Teresa Silva Carvalho e Fernanda de Castro from 57 on Vimeo.





"Um grande amor não cabe em nenhum verso,
como a vida não cabe num jardim,
como não cabe Deus no Universo
nem o meu coração dentro de mim.

A noite é mais pequena do que o luar,
e é mais vasto o perfume do que a flor.
É a onda mais alta do que o mar.
Não cabe em nenhum verso um grande amor.

Dizer em verso aquilo que se pensa,
ideia de poeta, ideia louca.
Não é bastante a frase mais extensa,
diz mais o beijo do que diz a boca.

Ninguém deve contar o seu segredo.
Versos de amor, só se os fizer assim:
como os pássaros cantam no arvoredo,
como as flores se beijam no jardim.

Que verso incomparável, infinito,
feito de sol, de misterioso brilho,
poderia dizer o que, num grito,
diz a mulher quando lhe nasce um filho?

E quando sobre nós desce a tristeza,
como desce a penumbra sobre o dia,
uma lágrima triste e sem beleza,
diz mais do que a palavra nua e fria.

Redondilha de amor... Para fazê-la,
desse-me Deus a tinta do luar,
a candeia suspensa de uma estrela
e o tinteiro vastíssimo do mar."

Fernanda de Castro

via
http://fernanda-decastro.blogspot.com/

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Ardósia

ardosia.jpg


ARDÓSIA

Numa ardósia perdida no sótão
...encontrei palavras sem nexo
escritas a giz branco,
daquele
que deixava as mãos enfarinhadas...
Palavras miúdas
de mão de criança
Sem nexo, sem coerência, soltas...
De todos os modos
tentei decifrá-las
mas nada...
A ardósia perdida no sotão
enfarinhada pelo pó acumulado...
Palavras perdidas na memória
pela força do tempo passado...

Maria Antonieta Oliveira

Este poema vai ser inserido no seu 1º livro a sair em breve

quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Receita de Ano Novo

janela



RECEITA

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
...Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)

Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumidas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.

Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.


Carlos Drummond de Andrade

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

T. S. Elliot

Hollow Men
Mistah Kurtz—he dead.

A penny for the Old Guy

I

We are the hollow men
We are the stuffed men
Leaning together
Headpiece filled with straw. Alas!
Our dried voices, when
We whisper together
Are quiet and meaningless
As wind in dry grass
Or rats’ feet over broken glass
In our dry cellar

Shape without form, shade without colour,
Paralysed force, gesture without motion;

Those who have crossed
With direct eyes, to death’s other Kingdom
Remember us—if at all—not as lost
Violent souls, but only
As the hollow men
The stuffed men.

II

Eyes I dare not meet in dreams
In death’s dream kingdom
These do not appear:
There, the eyes are
Sunlight on a broken column
There, is a tree swinging
And voices are
In the wind’s singing
More distant and more solemn
Than a fading star.

Let me be no nearer
In death’s dream kingdom
Let me also wear
Such deliberate disguises
Rat’s coat, crowskin, crossed staves
In a field
Behaving as the wind behaves
No nearer—

Not that final meeting
In the twilight kingdom

III

This is the dead land
This is cactus land
Here the stone images
Are raised, here they receive
The supplication of a dead man’s hand
Under the twinkle of a fading star.

Is it like this
In death’s other kingdom
Waking alone
At the hour when we are
Trembling with tenderness
Lips that would kiss
Form prayers to broken stone.

IV

The eyes are not here
There are no eyes here
In this valley of dying stars
In this hollow valley
This broken jaw of our lost kingdoms

In this last of meeting places
We grope together
And avoid speech
Gathered on this beach of the tumid river

Sightless, unless
The eyes reappear
As the perpetual star
Multifoliate rose
Of death’s twilight kingdom
The hope only
Of empty men.

V

Here we go round the prickly pear
Prickly pear prickly pear
Here we go round the prickly pear
At five o’clock in the morning.

Between the idea
And the reality
Between the motion
And the act
Falls the Shadow
For Thine is the Kingdom

Between the conception
And the creation
Between the emotion
And the response
Falls the Shadow
Life is very long

Between the desire
And the spasm
Between the potency
And the existence
Between the essence
And the descent
Falls the Shadow
For Thine is the Kingdom

For Thine is
Life is
For Thine is the

This is the way the world ends
This is the way the world ends
This is the way the world ends
Not with a bang but a whimper.


T. S. Elliot (1925).

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

João de Deus

LAGOA AZUL




cal



http://www.literateur.com/archives/3323




Outras leituras

http://jivmcavaleirodefogo.blogspot.com/

http://mariamuadie.blogspot.com/

http://www.movimentopoetrix.com/

http://recantodasletras.uol.com.br/teorialiteraria/2301908

http://www.goulartgomes.com/

http://grupoportico.blogspot.com/

http://www.cantodeanjo.blogger.com.br/



LAGOA AZUL



A Vida

(...)
A vida é o dia de hoje,
A vida é ai que mal soa,
A vida é sombra que foge,
A vida é nuvem que voa:
A vida é sonho tão leve
Que se desfez como a neve
E como o fumo se esvai:
A vida dura um momento,
Mais leve que o pensamento,
A vida leva-a o vento,
A vida é folha que cai!

A vida é flor na corrente,
A vida é sopro suave,
A vida é estrela cadente,
Voa mais leve que a ave:
Nuvem que o vento nos ares,
Onda que o vento nos mares,
Uma após outra lançou,
A vida - pena caída
Da asa de ave ferida -
De vale em vale impelida
A vida o vento a levou!
(...)

joão de deus

domingo, 21 de novembro de 2010

poema

p7290445



Se botarmos o espelho da História
Na nossa frente
Veremos atrás de nós
Todos os nossos antepassados
Um a um
Repararemos na glória dos momentos
Nunca nos pecados

Quando me boto frente ao espelho da História
Reparo num detalhe
Ouço no coreto da memória
O som que faz que eu pare

É o violino de meu avô
Que era um artista
E fez mais que muito doutô

Vou andar!

E o som ecoa...
E me sinto rodeado de notas
Que até parece uma garoa
Harmoniosa, melodiosa, rítmica

O som ecoa, ecoa...
A garoa é colorida
me-di-ci-nal

Nessas horas, a alma voa
Busco toda a vida que há no meu ser
E encontro

Achei.
Por isso,
Posso ir embora.

Vitor Nunes Bustamante Reis

mar

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

A vida, meu caro, é ilegível

A vida, meu caro, é ilegível. Acontece
e desaparece. Não há inteligência
que a descodifique: vem em linguagem-nada,
surge no corpo como surge o dia, e como
se dia e vida individual fossem materiais paralelos.
…A vida não surge em prosa
nem em poesia — e a existência não fala
inglês, apesar de tudo. A natureza dos acontecimentos
resiste às invasões matreiras da publicidade e
dos filmes. Já não é mau.

Gonçalo M. Tavares

via
http://bulimunda.wordpress.com/

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Raul Seixas



Os Números


Meus amigos essa noite
eu tive uma alucinação
sonhei c'um monte de "número"
invadindo o meu sertão
vi tanta coincidência
que eu fiz essa canção

Falar do número um
não é preciso muito estudo
só se casa uma vez
foi um só deus que criou tudo
uma vida só se vive
só se usa um sobre-tudo

Entre dois o homem luta
por coisas diferentes
bem e mal, amor e guerra
preto e branco, bicho e gente
rico e pobre, claro e escuro
noite e dia, corpo e mente

E o quatro é importante
quatro pontos "cardeal"
quatro estações do ano
quatro pés tem o animal
quatro pernas tem a mesa
quatro dias o carnaval

Sete dias da semana
sete notas musicais
sete cores o arco-íris
das regiões divinais
e se pintar tanto o sete
eu já não aguento mais

E só de pensar no doze
eu então quase desisto
são doze os meses do ano
doze os apóstolos de Cristo
doze horas é meio dia
haja dito e haja visto

Eu falei de tanto número
talvez me esqueci de algum
mas as coisas que eu disse
não são lá muito comum
quem sober que conte outro
ou que fique sem nenhum.

Autor: Raul Seixas
Adaptação: Erisvaldo Ferreira Silva


DICAS
http://desbaguncando.blogspot.com/

sábado, 25 de setembro de 2010

A estrada não tomada de Robert Frost


Szeged



Two roads diverged in a yellow wood,
And sorry I could not travel both
And be one traveler, long I stood
And looked down one as far as I could
To where it bent in the undergrowth;

Then took the other, as just as fair
And having perhaps the better claim,
Because it was grassy and wanted wear;
Though as for that, the passing there
Had worn them really about the same,
And both that morning equally lay
In leaves no step had trodden black

Oh, I kept the first for another day!
Yet knowing how way leads on to way,
I doubted if I should ever come back.

I shall be telling this with a sigh
Somewhere ages and ages hence:two roads diverged in a wood, and I --
I took the one less traveled by,
And that has made all the difference"

The road not taken de Robert Frost


Duas estradas divergiam num bosque amarelo,
E desculpe, eu não poderia viajar tanto
E ser um viajante, fiquei muito tempo parado
E olhei para um deles tão distante quanto pude
Até onde se perdia na mata;

Então segui o outro, como sendo mais justo
E, talvez o melhor argumento,
Porque era relvado e queria usar;
Embora quanto a isso, a passagem não
Usara-los realmente sobre o mesmo,
E ambos, nessa manhã tão leigos
Nas folhas que passo nenhum pisou

Oh, guardei o primeiro para outro dia!
Mesmo sabendo como um caminho leva para longe,
Duvidei se algum dia eu volte.

Vou estar contando isso com um suspiro
Em algum lugar idades e tempos depois:
dois caminhos divergiam num bosque e eu -
Eu tomei o menos percorrido,
E isso fez toda a diferença "

A estrada não tomada de Robert Frost



Estrada fora

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Repentina trovoada de Setembro

SETEMBRO

Repentina trovoada de Setembro
e depois chuvas exaustas;
ainda na praia a corrida
juvenil das ondas;
o abandono dos medronhos caídos
e um súbito olhar grave dum filho de dois anos;
vinhas que sangram,
uvas caminhando para o seu fim;
algumas folhas que descem
e as árvores, como as flores, esperando
a partida silenciosa dos insectos
e o sopro de uma breve chegada.

António Osório, A Luz Fraterna, Assírio & Alvim, 2009, pp. 29-30.